Convivência com os pets na gravidez e com o recém-nascido
A presença dos animais de estimação em casa durante a gestação e com um recém-nascido em casa é muito discutida na atualidade.
Fala-se muito da toxoplasmose, de alergias de contato ou respiratórias e que a exposição precoce a animais de pelo em casa poderia levar à asma.
Vamos falar um pouquinho sobre isso? Sobre os animais de estimação em casa durante a gravidez e o pós-parto?
Existe quem goste dos animais dentro de casa, em cima da cama, o que deixa o ambiente cheio de pelo, de tecido da pele deles e de bactérias.
Bom.... as bactérias quero falar sobre elas.
Pois é, existe mesmo essa questão das bactérias? Elas fazem mal aos seres humanos? É prejudicial aos bebês?
Bebês de famílias que tem animais de estimação (cães em 70% dos casos) tem níveis mais altos de dois tipos de micróbios.
A exposição a essas bactérias pode ajudar a estabelecer uma imunidade precoce, embora os pesquisadores não tenham certeza se isso ocorre por conta das bactérias existentes nos nossos amigos peludos, que podem estar em seus pelos e nas patas, ou por transferência, quando os humanos tocam os animais de estimação.
Vários estudos analisaram a presenças destes micróbios em diferentes cenários: sem exposição aos pets, com exposição apenas na gravidez e com exposição na gravidez e logo após o nascimento.
E adivinhem o resultado. A “troca” destes micróbios acontecem mesmo em casos em que apenas a mãe conviveu com os animais durante a gestação, em que o bebê não entrou em contato com o pet. Saudável. Ouviram? Conviver com os pets há sim uma troca de bactérias e esta troca é considerável saudável.
Mas notem: os estudos não citaram contato do recém-nascido com o pet sem que a mãe tenha tido contato com este durante a gravidez, eles não testaram a “contaminação bacteriana” em bebês sem que a mãe tenha convivido com o bichinho ainda grávida.
E é isso que eu falo para as minhas pacientes: se você já tem animal de estimação, se você já convive com ele(a) na sua casa, na sua casa de campo, na casa dos seus pais, onde quer que seja, será muito legal e saudável para o seu filho quando nascer conviver também com esse animal, mas se você durante a gravidez, não teve essa vivência, esse contato, evite o contato mais próximo do seu recém-nascido com os animais pelo menos até ele tomar todas as vacinas, por volta dos 6 meses, ok?
Tá, eu tenho um pet, o que muda na convivência com seus pets durante a gravidez?
É preciso tomar alguns cuidados. O maior cuidado está em evitar a transmissão de certas doenças como a toxoplasmose que pode interferir no desenvolvimento fetal.
A toxoplasmose é uma doença transmitida aos seres humanos pela ingestão de cistos infectados com o parasita presente em carnes cruas ou mal cozidas, em comidas cruas em geral ou pelo contato com fezes de alguns animais, principalmente de gato.
Então, durante a gravidez, evite limpar a caixa de areia do seu gato, peça para alguém fazer por você este ‘trabalho sujo’ durante a gravidez. Evite pegar em gatos de outras pessoas e cuidado quando o seu cachorro for passear, ele pode pisar em cocô de gato na rua voltar contaminado, lave as patas dele quando chegar em casa e fique de olho na higiene de um modo geral e procure manter a casa sempre limpa e arejada.
Outra infecção prejudicial a grávida é por salmonela, uma bactéria que causa infecções alimentares e que pode chegar a ser séria. Não faz mal diretamente ao bebê, mas o mal que faz a mãe (como por exemplo vômitos, diarreia, febre alta e desidratação) pode causar aborto ou parto prematuro. Então cuidado.
E... Calma. Animais bem tratados e vacinados raramente trazem riscos a família.
Falando de cachorros grandes, mais especificamente daqueles que tem força, que puxam quando a gente leva eles para passear, esse é outro cuidado interessante a se tomar.
Quer dizer que é pra evitar sair com o cachorro pra passear?
Se o seu cachorro sai desenfreado levando tudo e todos pela frente, evite levá-lo você segurando a guia, deixe esta tarefa para outra pessoa, assim você evita um impacto maior na barriga e até de ser derrubada. Cuidado também com as brincadeiras, cachorros grandes costumam sem meio “brutos” e podem machucar a gestante.
Ahhhhh, mas tem uma coisa boa em relação a gravidez e o passeio com os pets. Estudos mostram que mulheres grávidas que têm cães acabam fazendo mais atividades físicas na gestação justamente por causa dos passeios com eles o que causa também menor ganho de peso na gravidez.
Mulheres grávidas e animais de estimação podem conviver muito bem durante todo o período, não é legal desmistificar as coisas?
E ainda completo: a interação com os animais de estimação favorece a liberação em seus donos cortisona (que diminui o estresse e ansiedade) e de ocitocina. Lembram da ocitocina? O hormônio do amor, aquele liberado na gravidez, que conecta a mãe a seu bebê e no trabalho de parto, que ajuda no parto normal. Sabe?
E para após o nascimento? Quais os cuidados e medidas necessárias já preparando para o nascimento do novo bebê?
Vamos pensar em três pontos importantes para o bom desenvolvimento e crescimento saudável dos nossos filhos: limpeza, segurança e saúde.
Primeiramente limpeza. É preciso tomar cuidado principalmente nos primeiros meses. Evite que o seu bichinho fique no quarto do nenê. Evite e não proíba. Diminua o risco de sujeira, não do animal, mas a que ele traz da rua, do quintal, do vizinho... Lave sempre as patas dele, mantenha os banhos e tosas em dia e claro, a carteira de vacinação do seu pet super mega atualizada.
Segurança: Hummmmm. Segurança. O seu bichinho pode estranhar a presença do novo membro da família e até sentir ciúmes, não é? Deixe o seu pet se acostumar com o cheiro do bebê, dê uma roupinha usada do bebê para ele cheirar, supervisione a aproximação e o deixe chegar perto, matar a curiosidade com o bebê, aos poucos ele vai se acostumando e você relaxando sem que você tenha medo que ele machuque o bebê num movimento mais brusco ou agressivo.
A rotina do animal também é algum para se preocupar. Ela deve ser mudada desde a gravidez para que ele se acostume aos poucos e não na hora que o bebê chegar, de maneira repentina (como evitar entrar em certos cômodos, o local de alimentação e descanso e os horários de passeio).
Com relação a saúde, podemos falar de dois aspectos; saúde física e emocional.
Como eu disse antes, fala-se muito de alergias de contato ou respiratórias e que a exposição precoce a animais de pelo em casa pode levar à asma.
E aí? Pode causar alergias ou asma?
Bom, um estudo transversal brasileiro não apresentou associação entre sibilância (respiração chiada) no primeiro ano de vida e a presença de cachorro, gato ou outros animais domésticos (como pássaros e coelhos) em casa durante a gestação.
Outro estudo, um canadense agora, em 20 anos de pesquisa, concluiu que crianças que crescem com cães tem taxas mais baixas de asma.
Pelo contrário, a exposição precoce a animais, como cachorros e gatos, pode proteger contra a sensibilização alérgica ou o desenvolvimento da asma.
A mãe fumar na gravidez (ou qualquer outra pessoa perto da gestante) sim, esse é um fator que influencia diretamente no crescimento pulmonar e está associado à diminuição da função pulmonar e desenvolvimento de asma.
As evidências sugerem que o contato com animais, especialmente no início da vida, pode ser crucial para o desenvolvimento da imunidade e na garantia de respostas eficazes para infecções virais. Para os autores, o contato com animais poderia ajudar a “amadurecer” o sistema imunológico, levando uma resposta imunológica mais efetiva e menor duração de infecções.
O estudo mostrou também que a imunidade das crianças aumentou inclusive em três situações de nascimento já conhecidas por reduzir a imunidade do bebê: 1) quando se opta pela cesariana em vez do parto vaginal, 2) quando a mãe faz uso de antibióticos durante o parto e 3) quando não há amamentação.
E tem mais benefícios ainda, não é?
Existem vários estudos em relação a recém-nascidos e animais e eles comprovam:
- redução da doença inflamatória intestinal pediátrica
- redução da probabilidade de transmissão de GBS vaginal durante o parto (infecção por Estreptococos do grupo B) que provoca pneumonia em neonatos
- redução da carga de Estreptococos fecal, associada à redução do risco de doenças cardiovasculares em bebês
- baixos níveis de uma bactéria que reduz a sensibilização alimentar durante o primeiro ano de vida da criança
- reduz consideravelmente o risco cardíaco nas crianças e fortalece o sistema imunológico
Sem falar nos benefícios emocionais para os pequenos (e pra toda a família)
Ter um animal de estimação
- Estimula a afetividade da criança.
- Gera atitudes de autonomia, responsabilidade e dedicação (tem que levá-los para passear, dar-lhes de comer, etc.)
- Ajuda as crianças a serem mais sociáveis, aprende a trabalhar os sentimentos, se relacionar com outras pessoas.
- Potencializa a sensibilidade da criança e pode ser muito educativo para as crianças. Elas passam a ser mais carinhosas com os animais, plantas e pessoas, favorecendo sua sensibilidade. Lembrar que os animais também sentem dores, que não pode ficar mexendo no rabo do animal, puxar os pelos, bater, pois na cabeça de crianças eles acham que o cãozinho é um bichinho de pelúcia.
- Diminui o estresse de toda a família quando fazemos carinho e brincamos com o bichinho depois de um dia cansativo, isso alivia o estresse e ajuda o corpo a liberar o hormônio do relaxamento diminuindo a liberação do hormônio do estresse.
- Incentiva a criança a querer se movimentar ao ar livre, pois os cães precisam passear, brincar e fazer exercícios.
Dra Daniella Leiros 🌷 - fisioterapeuta, acupunturista e doula CREFITO 3 - 59546F
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